terça-feira, 11 de outubro de 2011

Solitude

No meio do caminho tem um poeta
No meio da rua
No meio do mundo
Na meia furada
(Um poeta)

Poetas em todos os cantos
Canto de sabiá
Canto de esquina
Canto de olho
Na esguelha
No frio da orelha, um poeta

Mocinha que chora
Cebola que chora
Galinha que choca
Tortura de choque
E o poeta vagando entre tudo

Cecília no trem
É senhora gentil
Carlos na praça
É completo desconhecido

Nas ligações perdidas
Na preguiça do verso
No farol fechado
      farol lusitano
Na carol de qualquer caetano
Um poeta há de estar presente

Quem diria, quem desdirá?
Passei toda tarde em andanças
Cruzei com Haroldo e Thiago
Um aceno talvez para Pessoa

Vai saber, ninguém sabe
Um poeta é solitude
Solitudo - sobretudo - sobre todos

Ninguém conhece o rosto do poeta
Ser comum, ser de gosto
Desconhecida face do poeta
Disfarce de si mesmo
Que floresce
Letra a letra
(Lentamente.)

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