segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Fim de tarde

Onde o atraso de luz acende à madrugada
lamparina antiga
escada antiquíssima
cidadela antiquada

Onde a velha dos bijus joga migalha
pombos de fome
pombo desforte
pombos de gula

Onde tu já perdeste uma tiara
ouvindo a sanfona
sanfonético violino
sem falar nem me dar vistas

Onde se amontoavam os domingos
solstício matutino
suplício do ouvido
clave de verões

Onde mais haveria de ser?
borboleta ou grama seca
o silêncio de meus músicos
Um minuto ou marcha fúnebre

Onde senão velho coreto
belo coreto branco
altar manso de minha juventude

É no coreto da praça
Lá é onde vou morrer.

2 comentários:

  1. Desejos Poéticos do Amor30 de agosto de 2011 às 21:37

    A borboleta que a vós aparece, não me vê. O silencio de vossos músicos não me ouve.
    Só o coreto. O vosso coreto branco.
    Lá onde tu morrerás, sentarei a um banco próximo e lamentarei tua não-vida.
    Escorrerei em prantos insólitos a lamentar que não estará mais lá. Nao voltará na luz que resta, nem na escuridão da madrugada, nem no fim de tarde.
    Ternamente fecho os olhos e continuo a pensar naquela que por dentro morreu.

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