domingo, 8 de maio de 2011

Pente

- Quer ajuda?
- Não, eu tô bem. Brigada.
- deixa que eu faço isso, amor!
- Já falei que não precisa, obrigada.
- Você não tá conseguindo fazer direito atrás. Dá aqui esse pente...
- Tó, seu chato.
- Tá vendo só? Tá desembaraçando muito melhor.
- Tá é doendo, isso sim. Ai!
- Para de frescura e guenta as pontas, amor.
- Você é inconveniente demais, deus do céu! Dá o meu pente aqui.
- Amor, relaxa... já vou acabar, o problema é que tem nó demais no seu cabelo.
- Muito obrigada pelo carinho, meu querido, mas do meu cabelo eu sei cuidar. Sozinha.
- Eu sei disso, amor. Só achei que você tava estragando muito seu cabelo, penteando daquele jeito. Mas também né, um pente novo e uma hidratação vão bem, né?
- Pode parar com isso, quem cuida do meu cabelo sou eu e...
- Amor, você precisa parar quieta para eu pelo menos pentear direito.
- ...e da minha cabeça também cuido eu.
- Cadê a tesoura? Aco que precisa cortar as pontas, avivar esse corte.
- Você não sabe nem cuidar do próprio cabelo. Para com isso, por favor. Antes de qualquer coisa a gente precisa conversar.
- Se eu parar agora, esse nó gigante vai secar e seu cabelo vai ficar mais ninho de mafagafo do que já é. Aí o corte vai ser mais forte e você vai ficar resmungando. Diz logo, amor, cadê a tesoura?
- Querido, eu sempre tirei sozinha os nós do meu cabelo, que está sempre bem tratado, diga-se de passagem. Eu já ia tirar esse nó quando você arrancou o pente da minha mão e só piorou tudo. Isso tá doendo, pare agora. Podemos conversar, por favor?
- Peraí, seu cabelo é tão armado que ainda está cheio de nós, amor. Fica quietinha um minuto só.
- Meu cabelo não está cheio de nós mas eu está cheia de nós dois. Chega.
- ...
- !
- Amor, cê ainda tá aí? Você esqueceu seu pente!

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