quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Incenso Parafina

A fumaça de meu vício
Não tabaco ou baseado
É o clímax do fogo em parafina

Meu fogo, te acendo puro
Quando a luz foge da cidade
Para ver teu breu e sombra
Perspectiva de casa toda
E dos fantasmas que ressurgem
Minha silhueta enegrecida na parede

Meu fogo, tua vela quase explode
A estática de um meio-fio
Enquanto escorre vazio
Toda a viscosidade possível de luz
E meus dedos tocam a caliência de teu plasma

Mas fogo, fogo meu que guardo em bolso
Se tua vela é incendiária
Porque ainda, eu desnuda,
Não fiz-me de ti?
Resistes feito soldado
Eu acarinhando-te com a palma da mão

Senhor fogo, tenha cuidado
Pois estou muito doente
E por isso presa em casa
Espirro, tusso ou algo da estirpe
Um sopro meu te mata em pronto

Cof Cof Atchim Snif
A escuridão se fez plena.
Ó céus, ó céus!
Minha gripe matou fogaréu!

Preciso agora cuidar do velório
E acender muitas velas
Pro meu fogo que morreu
E me deixou por instantes no escuro.

Um comentário:

  1. Helena,

    Achei que tu escreve bem. O jeito que tu põe forma nas coisas e o teu eu-lírico.
    Gosto de autores 'desconhecidos'.
    Estou seguindo teu blog. :)

    Criei um blog com dicas de redação. Se puder passar por lá depois, agradeço.

    http://www.papelcanetaeacao.blogspot.com/

    Beijo.

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