quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fora da refestança


"Nessa estrada canto e gemo de verdade." O sol se põe em roldanas, com contrapeso de poeira cor de passado que, em devaneios, se integra feito molécula ao ar mineiro desse aqui aventureiro.

Fomos. Empacotados em uma van de empecilhos em vão, sem espaço para meros caprichos: uma festa regional nos esperava, alegre e amarela. Ou melhor dizendo, esperávamos chegar à tal humilde festança, entre trancos e barrancos (e escuridão noturna e torpor e receio de atravessar um raso rio sobre pneus). Forró, bandeirinhas volpianas carregando cores para a iluminação do evento, mandioca, reza desenfreada de rugas atentas (...rogais por nós, pecadores...). O retorno era garantia de sopa, banho, água, colcha, bolo de laranja. Só restava retornar, que assim fosse. Mesma direção e sentido oposto, o caminho desconhecera-se de nós, luneta com tampa, bússola desnorteada entre as tantas bifurcações de estrada. E nós, idiotas, ali sem nem conhecimento de nortes pelas estrelas - aquelas muitas e muitas estrelas da noite mineira. Os únicos vestígios do bom eram o som chacoalhado da gaita do nosso mestre, e o cochilo aos ombros amigos. Mas é que, pensemos, o bom de perder é achar em seguida. Achar-se, melhor ainda.

(04/09/2010, Cordisburgo, Minas Gerais)

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